Modos inacabados de morrer

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R$38,00

Você sabe o que é ter treze anos, e vivenciar as asperezas da escola, e se apaixonar pela primeira vez, e ter um corpo que não lhe pertence completamente, que nem sempre obedece ou acomoda. Por isso, enquanto Santiago, o protagonista de ‘Modos inacabados de morrer’, não consegue se habitar de todo, premiado na loteria da vida com a inadequação extra da narcolepsia, nós, os leitores, vamos entrando na intimidade dessa juventude que todos encontramos em nós. Capturados pelo ritmo da narrativa, pelas delicadezas deste romance de formação e também pela escolha do autor, saborosa e ainda um tanto rara, de contar a história na segunda pessoa. Aqui, o livro bebe do Bildungsroman moderno e das narrativas contemporâneas que também elegem esta perspectiva narrativa, dialogando, por exemplo, com um dos melhores contos de David Foster Wallace de uma maneira bem íntima. Entranhados neste ‘você’ que é outro e é nosso, somos carregados cada vez mais dentro da história, enquanto, para Santi, a excitação das novas experiências o arranca para fora de si. Chorar, sentir medo, nadar, até rir pode lhe roubar o controle, apagar sua luz. Pode também deixá-lo à mercê da narrativa dos outros, com suas violências. Com seu perigo. O entrelaçamento das vidas dos personagens vai se desvelando no tempo e nos modos do amadurecimento: devagar e veloz, e sempre com impacto. O autor renova a tensão na mesma constância e regularidade com que o mar lança suas ondas. Sem descanso. Saímos banhados, encharcados de vida.
Moema Vilela

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1 avaliação para Modos inacabados de morrer

  1. Alice Ribeiro

    O livro ousa na escrita em segunda pessoa, colocando o leitor constantemente no lugar de quem sofre, de quem pode a qualquer momento desfalecer e morrer. Muito bem escrito e diferente. Vale a pena.

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